Publicado em 25/01/2016 por Everton de Oliveira | Deixe um comentário |
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60.000 áreas podem estar contaminadas e não estar cadastradas na CETESB. Hoje o cadastro indica a existência de aproximadamente 4.800 áreas contaminadas. As indústrias e atividades do Estado de São Paulo que possuem licença ambiental deverão se submeter a uma avaliação ambiental do solo e água subterrânea. Uma pequena parcela já foi investigada. Durante os trabalhos na indústria, acidentes podem acontecer, ainda que em dimensões aparentemente pequenas, fazendo com que produtos atinjam o solo, podendo gerar contaminações. É esse universo de contaminações potenciais que está em foco pela CETESB. As avaliações ambientais já ocorrem, mas a concentração de exigências de avaliações pela CETESB se iniciará em breve com a publicação de uma nova Decisão de Diretoria e é preciso estar preparado para saber como comprar esse serviço com segurança, evitando gastos e obtendo o máximo de cada real investido. Esse futuro imediato apresenta-se como extensão natural da fiscalização sobre áreas contaminadas da Agência Ambiental do Estado de São Paulo, CETESB. Mesmo se sua indústria não está localizada no Estado de São Paulo, ela também deverá ser avaliada num futuro próximo, pois as agências dos vários estados conversam entre si e seguem orientações comuns, muitas vezes baseadas em experiência internacional. É o caso da FEAM de Minas Gerais, INEA do Rio de Janeiro, FEPAM do Rio Grande do Sul, INEMA da Bahia, IEMA do Espírito Santo, IAP do Paraná, apenas para citarmos algumas delas. O foco da CETESB volta-se para as indústrias depois de ter se mantido por muito tempo preferencialmente nos postos de combustível. O Brasil possui em torno de 40.500 postos, 16.100 na região Sudeste, sendo 9 mil no Estado de São Paulo, como mostram os dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás. Essa concentração de trabalhos de avaliação de áreas contaminadas em postos se evidencia nos dados publicados pela CETESB.
Os postos de combustível contaminados correspondem a 40% dos postos do Estado de São Paulo. Admitindo que essa proporção se mantenha em relação às demais áreas licenciadas pela CETESB, 60.000 novas áreas contaminadas estão esperando para serem descobertas.
TAMANHOS E TIPOS DE PROBLEMAS Problemas ambientais com solo e água subterrânea, as chamadas áreas contaminadas, podem ter dimensões e gastos variados. Desde pequenas manchas no solo, sem consequências importantes e com gasto relativamente baixo.
Até acidentes significativos, com contaminações significativas, como um acidente com transbordamento de produtos químicos.
Os problemas ambientais que podem decorrer destes acidentes que envolvem solo e água subterrânea são de dois tipos: emergenciais e/ou de risco toxicológico.
Os exemplos de riscos emergenciais são, em geral, visualmente impactantes e portanto facilmente compreensíveis. Mas para existirem, contaminações não necessitam de acidentes espetaculares. Vazamentos de algumas gotas durante longo tempo geram contaminações expressivas e que geralmente demandam um alto investimento. Já os exemplos de riscos toxicológicos não são facilmente visualizáveis, porém não são menos importantes. Para ilustração do risco toxicológico, pense em alguém que beba água contaminada por chumbo durante um bom período da sua vida. Os níveis de chumbo no sangue elevam-se continuamente e alterações na saúde começam a aparecer. Ou ainda riscos devidos a compostos que podem entrar no organismo pelas vias respiratórias, como o benzeno, composto concerígeno presente na gasolina. Residências ou garagens vizinhas a locais onde houve um vazamento que atingiu o lençol freático podem estar expostos. Riscos toxicológicos podem e geralmente são causados por concentrações muito baixas, mesmo imperceptíveis aos nossos órgãos sensoriais. Embora não consigamos sentir alterações no sabor, no odor, ou mesmo alterações no contato com nossa pele, estes compostos podem causar risco à nossa saúde. No vídeo abaixo, faço uma dramatização para que ajudar na compreensão da dimensão das concentrações de interesse ambiental, ao concluir que mesmo bebendo um copo d´água com concentrações no limite de potabilidade, ou seja, água potável, ainda podemos estar ingerindo uma quantidade gigantesca de moléculas de contaminante.
Muitos compostos de interesse ambiental, que são aqueles que podem oferecer riscos à saúde humana ou animais e plantas, tem suas concentrações máximas reguladas e em valores muito baixos, da ordem de partes por bilhão. São concentrações difíceis de serem mensuradas e requerem procedimentos específicos para sua coleta e para sua análise. No Estado de São Paulo somente empresas certificadas podem realizar amostragem de solo e água subterrânea. E somente laboratórios acreditados podem realizar análises químicas dos compostos de interesse ambiental. Esses procedimentos visam garantir a qualidade dos resultados. Relatórios de avaliação sem esses requisitos não são aceitos pela CETESB. Para que o dinheiro investido em avaliação possa valer cada centavo, é preciso que o consultor conheça profundamente o comportamento de contaminantes no meio ambiente subterrâneo e que você tenha algum conhecimento, como os apresentados nesses meus posts. SAIBA ONDE ESTÃO OS CONTAMINANTES E ECONOMIZE DINHEIRO Mancha em solo pode corresponder a uma possível contaminação de solo. Para sua avaliação isso vai demandar amostragens específicas para solo e análises químicas também específicas para solo. Essa mancha em solo pode sugerir que o contaminante potencial tenha sido lixiviado e levado para a água subterrânea (lençol freático), exigindo a instalação de alguns poços de monitoramento, coleta específica para água subterrânea e análises químicas específicas para água subterrânea. Existe uma gama muito grande de contaminantes potenciais, cujas propriedades físicas e químicas de cada um em particular irão caracterizá-los como contaminantes de solo ou contaminantes de água. Conhecendo-se de antemão essas propriedades, evita-se o gasto de dinheiro em amostragens e análises químicas desnecessárias, pois contaminantes típicos de solo em geral não se encontram na água subterrânea. E vice-versa. É muito comum trabalhos de avaliação que coletam indiscriminadamente solo e água subterrânea e analisam a lista completa de compostos disponível no laboratório, nesse caso se está literalmente enterrando dinheiro.
Essa distinção é melhor compreendida ao se observar como um contaminante líquido se comporta ao atingir o solo e por ele se infiltrar. Incialmente pode-se ver uma situação mostrando o solo e água subterrânea abaixo de um posto de combustível fictício.
Os produtos que se infiltram no solo podem ser classificados em miscíveis (solubilizam-se completa ou parcialmente em água) e imiscíveis (não se solubilizam ou solubilizam-se em concentrações muito baixas. Os compostos imiscíveis (ou fracamente miscíveis, como a maioria dos líquidos) podem ser divididos em mais ou menos densos do que a água. Os menos densos são conhecidos como LNAPLs (do inglês Light Non Aqueous Phase Liquids) e DNAPLs (Dense Non Aqueous Phase Liquids).
LNAPL O vazamento ilustrado abaixo é bem didático, mostrando um exemplo que pode ser extrapolado para várias outras situações. Diferente do aqui mostrado, mesmo vazamentos menores e prolongados, como uma tubulação furada, um tanque gotejando, válvulas merejando, seguem o esquema apresentado neste exemplo. Aqui o líquido que se infiltra no solo é um LNAPL, menos denso do que a água, e acumula-se sobre o lençol freático.
A maioria absoluta dos LNAPLs é formada pelos derivados de petróleo, particularmente os combustíveis automotivos, como a gasolina e o diesel. E por serem menos densos do que a água, tendem a gerar contaminações mais rasas. Além disso, estes produtos distribuem-se de acordo com as concentrações de populações, grandes centros urbanos possuem mais postos de combustível do que áreas rurais. Essa proximidade potencializa o risco quando ocorrem vazamentos, como exemplifiquei com a explosão da garem do edifício no vídeo acima. Isso explica a CETESB ter focado seus trabalhos inicialmente nos postos de combustível. Isto também ocorreu em outros paises, como nos EUA. Para quem tem maior interesse, a API - American Petroleum Institute disponibiliza um guia interativo interessante. DNAPL No nosso posto de combustível fictício, não somente LNAPLs eram distribuidos. Nele encontrava-se também um armazenamento de DNAPL, mais denso do que a água, cujo vazamento está ilustrado abaixo.
Os DNAPLs são ambientalmente conhecidos como grandes vilões de áreas contaminadas, por infiltrarem-se a grandes profundidades, somente acumulando-se em superfícies impermeáveis como argilas, rocha não fraturada etc. Profundidade é custo. E a relação do custo com a profundidade não é linear, é exponencial. Uma avaliação duas vezes mais profunda não custa somente duas vezes mais, custa cinco ou mais vezes. Acrescente a dificuldade de interpretação de dados mais profundos, manutenção de poços e outras coisas e o valor claramente justifica a fama de vilões dos DNAPLs. Os DNAPLs mais comuns são os solventes organoclorados, muito utilizados como desengraxantes. Lavanderias a seco possuem esse nome por lavar roupas sem água, mas utilizam percoloroetileno (PCE), um DNAPL. FASE LIVRE Os acúmulos tanto de LNAPL (mais raso) quanto de DNAPL (mais profundo), fluem para o interior dos poços de monitoramento, podendo ser observados ao ser amostrada a água do interior do poço. A fase livre pode fluir e provocar sérios riscos de explosão e incêndio. Ao fluir, ela pode atingir utilidades subterrâneas das proximidades do local de origem do vazamento, como tubulações de esgoto, de telefonia, da rede elétrica, garagens de edifícios, poços rasos em residências próximas e muitos outros exemplos. Essa fase livre somente é assim considerada se ela for encontrada no interior do poço, pois a sua característica de mobilidade somente assim fica demonstrada. Para isso é necessária a instalação de vários poços para a determinação da sua existência e extensão lateral e vertical. A existência de fase livre caracteriza risco emergencial e medidas emergenciais devem ser tomadas. Ações e investimento imediato são requeridos. A principal ação vai consistir na instalação de poços de bombeamento para a retirada do produto.
FASE RESIDUAL Ao infiltrar-se no solo, os líquidos imiscíveis vão deixando seu rastro de gotas não conectadas entre si, chamadas de fase residual. A ideia é bem simples, imagine o seguinte experimento. Coloque uma quantidade de óleo boa numa esponja de lavar louças. Aguarde até que o óleo escorra. É fácil admitir que muitas gotas de óleo permanecem na esponja. Mesmo que elas seja espremida, ainda assim algumas pequenas gotas permanecerão. Com o solo é a mesma coisa. Ao se infiltrar, o líquido imiscível deixa gotas para trás. Como o solo não pode ser "espremido" como uma esponja de lavar louças, a quantidade que fica retida é muito grande, aproximadamente 20% dos poros do solo por onde o líquido passa. A fase residual é uma fonte de contaminação muito importante.
A fase residual representa uma fonte de contaminação por permitir que, lentamente, moléculas se dissolvam e gerem plumas de contaminação. Esta lenta dissolução pode durar dezenas de anos. Ou mesmo até centenas de anos. Sua correta avaliação e sua posterior remediação são tarefas que exigem uma excelente compreensão do comportamento dos contaminantes. Além de experiência prática de muitos anos. Uma economia signifcativa de recursos deve ser conseguida através de uma interpretação realizada com calma e com sabedoria. Neste caso, competência e experiência são mais valiosos do que a quantidade de amostras e de análises químicas. PLUMAS DE CONTAMINAÇÃO Ao se diluir, a contaminação é transportada pelo fluxo natural da água subterrânea, gerando as denominadas plumas de contaminação. Esta nomenclatura teve origem na poluição atmosférica gerada por chaminés. Estas liberavam fumaça a uma boa altura. Essa fumaça era levada pelos ventos, dispersando-se à medida que se distanciava do ponto de lançamento. O desenho desta fumaça lembra uma pena longa, uma pluma. Por associação a este tipo de poluição que já era mais conhecido por sua facilidade de reconhecimento visual, as contaminações de água subterrânea ganharam também o nome de pluma de contaminação.
Plumas de contaminação de águas subterrâneas são um dano a um bem a proteger, no caso, as águas subterrâneas. Por serem transportadas pelo fluxo da água subterrânea, podem ultrapassar os limites da propriedade onde se originou e atingir receptores potenciais localizados nos arredores.
Importante lembrar aqui que não existe lei para potabilidade de água subterrânea. Existe a Portaria 2.914/2011, que trata de potabilidade de água em geral. Afinal água é água. Com isso quero dizer que as águas subterrâneas podem não ser naturalmente potáveis, pois elas podem incorporar solutos originados do meio poroso mineral pelo qual ela percola. No caso de haver uma contaminação externa que se confunda com solutos naturais, será obrigação do responsável pela contaminação provar o que é de origem natural e o que é externo. Plumas de contaminão precisam ser completamente determinadas tanto na sua extensão lateral e longitudinal, quanto em profundidade. Isso significa alguns passos na instalação de poços de monitoramento, coleta e análise química. Quanto mais profunda e extensa for a pluma, tão maior será o investimento e o tempo necessários para o seu cuidado. A partir das fases residual e da fase livre que se encontram na parte mais rasa do solo, onde os poros estão preenchidos preferncialmente por ar, compostos voláteis tendem a se evaporar e gerar um acúmulo de gases que podem migrar para a superfície, quer seja ela uma área aberta como um parque, quer seja uma área fechada, como uma residência ou garagem de edifício.
Os vapores provenientes da contaminação subterrânea são a principal fonte causadora de risco toxicológico, uma vez que a respiração é um ato contínuo e a inalação torna-se incontornável. Em comparação, água contaminada pode ser mais facilmente contornável pois podemos evitar o contato com nosso corpo e também não bebê-la. Sob lajes e pavimentos existe a possibilidade de um acúmulo ainda maior, pois representam uma camada de menor permeabilidade. Entretanto os gases infiltram-se não somente por rachaduras como também pelo próprio concreto, madeira e outros materiais. Avaliação de sua extensão necessita a instalação de poços de vapores, coleta e análise química específica. São técnicas que exigem muito cuidado e experiência, além de equipamentos dedicados. Sim, valores elevados para investigação. COMPOSTOS RETIDOS NO SOLO Há compostos que não se diluem facilmente em água, apresentam solubilidade baixa e tendem a ficar presos por forças elétricas nas partículas formadoras do solo. São conhecidos como compostos hidrofóbicos, por não gostarem de água. Estes compostos, que não devem ser confundidos com a fase residual, que se refere a gotas não conectadas, formam uma fase distinta, denominada fase adsorvida. Interessante ressaltar que a presença destes compostos muitas vezes não causam riscos por inalação ou por uso de água subterrânea. Por não serem compostos voláteis e apresentarem solubilidade desprezível, na maioria dos casos eles não são detectados no vapor ou na água subterrânea. São contaminantes típicos de solo.
Contaminantes de solo requerem avaliação específica. Por não se moverem, não formam plumas. Necessitam ser avaliados próximos aos locais mais prováveis onde entraram no meio ambiente subterrâneo. Outro ponto importante a se considerar é que solo contaminado na sua situação original diferencia-se de solo contaminado que foi removido e empilhado, por exempo. Uma vez retirado do seu local original, o solo contaminado fica submetido à legislação de resíduos, já bem desenvolvida e severa. FINALMENTES Com a chegada na nova Decisão de Diretoria da CETESB, que vinha sendo esperada, por eslcarecer e, de certa forma, regulamentar partes da Lei de Áreas Contaminadas, de 2009, muitas áreas que ainda não havia sido avaliadas terão que passar por avaliação. Espera-se uma mudança importante nas estatísticas de áreas contaminadas no Estado de São Paulo. E por extensão também nos demais estados. Além disso, algumas pontos da Lei que necessitavam ser esclarecidos, como a retirada de massa de contaminante mesmo após a eliminação de riscos toxicológicos, por exemplo, deverão provocar a revisão de decisões tomadas em áreas onde a avaliação, e mesmo a remediação, já tenha sido realizada. Entender melhor onde estão os contaminantes vai ajudar na economia de recursos diante das novas regras. |
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
CONTAMINAÇÃO DO SOLO ATRAVÉS DO VAZAMENTO DE COMBUSTÍVEL POSTO GASOLINA - HIDROPLAN
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