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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
Construção do Projeto Sirius, uma das obras civis mais sofisticadas do Brasil, avança em Campinas (SP).
Construção do piso que receberá o acelerador de partículas mais moderno do mundo demandou o desenvolvimento de um concreto especial, composto por fibras plásticas para evitar fissuras e aditivos para baixar a retração
Redação EC
A tecnologia de luz síncrotron tem se
tornado cada vez mais difundida e não é para menos – sua versatilidade
permite o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas da
economia, como energia, alimentação, meio ambiente e saúde. A boa
notícia é que, muito em breve, o Brasil alcançará a liderança mundial na
produção deste tipo de radiação eletromagnética.
Desde 2014, o país vem trabalhando arduamente no acelerador de partículas Sirius, que promete ser o equipamento mais avançado do mundo na geração de luz síncrotron.
Além de trazer perspectivas positivas para a área da ciência, o projeto Sirius
também tem se destacado nos aspectos de engenharia. Com 68 mil metros2
construídos em formato circular, o edifício que abrigará o conjunto de
aceleradores de elétrons está entre uma das obras civis mais
sofisticadas já construídas em território nacional.
Quando concluído, o prédio principal,
situado em Campinas (SP), terá quatro pavimentos com capacidade para
receber até 620 pessoas, entre funcionários e visitantes. No entorno
dele, haverá laboratórios de apoio, data centers, sala de operação e
controle, áreas de convívio e escritórios.
O edifício abrigará os três
aceleradores de elétrons e as possíveis 40 linhas de luz, sendo seis
delas consideradas longas, com comprimentos variando de 100 a 150
metros. A edificação e sua implantação foram pensadas de maneira que
seja possível, ainda, construir duas futuras linhas com estações
experimentais a até 250 metros de distância.
Um projeto desafiador
Para que os futuros testes com partículas que serão realizados no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) sejam
bem-sucedidos, é imprescindível que não aconteçam vibrações no interior
do prédio onde os aceleradores estarão operando. Logo, um dos maiores
desafios do projeto é a estabilidade dimensional, térmica e vibracional.
No Sirius, cada feixe
de elétrons, que em alguns trechos do acelerador tem apenas 1,5
micrômetros de tamanho vertical, quatro vezes menor que uma célula
vermelha do sangue, deve percorrer uma trajetória circular de 500 metros
de circunferência, 600 mil vezes a cada segundo, durante horas, sem que
oscile mais que um décimo do seu tamanho.
Um dos principais desafios vencidos no
final dano passado foi a construção do piso especial que irá receber o
equipamento. Ele foi construído após passar por uma série de testes de
estabilidade térmica e mecânica, essenciais para o funcionamento do
acelerador.
Em dezembro último, o engenheiro coordenador das obras civis do Sirius,
Oscar Vigna, explicou que para conseguir que a dilatação do piso não
passasse de ¼ de milímetro por ano e variação de temperatura de no
máximo 0,1 grau, foi preciso desenvolver um concreto especial em uma
usina instalada no próprio canteiro de obras.
A mistura foi composta por fibras
plásticas para evitar fissuras e aditivos para baixar a retração. Vigna
também ressaltou que o teto do edifício e os equipamentos de maior peso
instalados nele ou ligados à estrutura têm molas e amortecedores, para
que não transmitam nenhuma vibração à estrutura que se reflita no piso e
afete o funcionamento do acelerador.
Somente a construção do piso e da parte
inferior do prédio, segundo o engenheiro, demandou 5 mil caminhões de
concreto. Agora, as obras civis no interior do edifício estão se
encaminhando para as etapas finais, que inclui as instalações da parte
elétrica, do ar condicionado e da água. A meta é de que, ao final de
2018, tudo esteja pronto e limpo para quando os equipamentos começarem a
chegar para a instalação.
A
fonte de luz síncrotron de segunda geração, chamada UVX, foi projetada e
construída por brasileiros e com tecnologia nacional, durante as
décadas de 80 e 90, e inaugurada em 1997.
O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS)
integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM),
uma organização social qualificada pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
O LNLS é responsável pela operação da única fonte de luz síncrotron da América Latina, aberta ao uso das comunidades acadêmica e industrial.
O síncrotron
brasileiro possui hoje 18 estações experimentais – chamadas linhas de
luz –, voltadas ao estudo de materiais orgânicos e inorgânicos por meio
de técnicas que empregam radiação eletromagnética desde o infravermelho
até os raios X.
Ficha Técnica
Desenvolvedor: CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais)
Construtora: Racional Engenharia
Cidade: Campinas/SP
Área construída: 68.000 m²
Conclusão: em andamento (previsão de término em 2018).
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